Inanis Chorea

Abre o clarão de seio
E o céu é uma serpente trocando sua pele
Pele dos tigres tempestade de raios
Da-se a gênesis espumosa, ainda não se haviam diretrizes
A sangria digna, de que o calor veio antes do sentido
E que o trovejar dos rochedos e artérias cavernosas
Vieram antes das profundas tecelagens fibrosas
mas se abriram cordas de marés amorosas e rudes
que transformaram os ossos celestes em correntezas
que talharam toda a porosidade do éter em fúlgido cálice
bacia de palha afoita, bacia óssea manjedoura
figura-se a dança da oca plenitude infinita, matéria
formulada por para dentro da tela, fazendo-se como um teatro de duas serpentes
dividir o sangue da claridade em dois filamentos, para dançar
chamou-se outrora pelo anfíbio crístico, consciência
fluência da área condimentada pelo tempo, também organismo
e vieram-se como nós, dividindo-se em teias genealógicas, arregalando-se infinitamente
um por dentro do outro, abrindo e esparramando nosso rosto universal sobre a planície da ilusão
dissoluta a estrutura caótica de nossos alelos, figura-te, pois que a morte
não passa de uma soltura na profundeza, de modo que o tempo esvazie-se
e o relho da continuidade dissolva suas pregas de vazão em outro organismo de vazio, misturarão-se os conceitos
na manga dos blusões paralelos, ruirão os selos dos desejos, pois-que o coração de carne
resguarda toda sorte de segredos e fluirão novíssimos sentidos, pois que a própria eternidade criará
em sua nova dança, para além da tela da existência, decifrar as esfinges, na verdade é o mesmo que ser devorado.